quarta-feira, 20 de junho de 2012

O Púlpito e o Sermão.



Convite à Loucura Nº 13  O Púlpito e o Sermão.

     Jesus e os discípulos pregavam  por todas as cidades e lugares, Mateus 11.1; Marcos 16.20, nas sinagogas Atos 9.20, desertos, Mateus 3.1; de aldeia em aldeia, Lucas 8.1. Pregavam a verdade sagrada de Deus e nada se fala sobre o púlpito ou o modo como se prega hoje em dia. Por que estou dizendo isso? É porque hoje nas igrejas o púlpito é considerado uma coisa sagrada, quem ali vai, torna-se um super crente, muda até de voz! Fala o que bem quer e ninguém pode interrompê-lo, nem questiona-lo.       Outro erro é que pra eles, o sermão é a única maneira de alguém se edificar. Tudo isso não passa de falácia, de engano!

De onde veio a ideia do Púlpito ser Sagrado?

       Na época da igreja primitiva ninguém usava púlpito, nem pra segurar as bíblias. As escrituras naquela época eram rolos de papiros contendo livros do “Antigo Testamento” e pergaminhos que eram folhas em velino de pele de animais tratadas, extremamente caras.

        Quatrocentos anos depois de Cristo, a taça e o pão (elementos da ceia) eram vistos como objetos que intimidavam, causavam medo e mistério. Por considerarem esses elementos sagrados e de mistérios, algumas igrejas colocaram uma armação ornamental, um dossel sobre a mesa do altar onde ficavam os elementos da ceia.

      No século XVI, mil e seiscentos anos depois de Cristo, colocaram grades sobre a mesa do altar. Essa é a mesa onde a sagrada comunhão é colocada. O altar-mesa significa o que é ofertado a Deus (o altar), e o que é dado ao homem (a mesa). Essas grades significavam que a mesa do altar era um objeto santo a ser tocado somente por pessoas santas, por exemplo, o clero. No século IV, o leigo já tinha sido proibido de ir ao altar. No centro da igreja ficava o altar. Antes, os altares eram feitos de madeira, posteriormente, no início do século VI, começaram a serem feitos de mármore, pedra, prata ou ouro. O altar era considerado o local mais santo da igreja por duas razões. Porque era lá que frequentemente ficavam as relíquias dos mártires. Em segundo lugar, porque sobre o altar ficava a eucaristia (o pão e a taça). No século XVI, estourou a reforma protestante. A maioria dos reformadores era ex-padres. Sendo assim, haviam sido inconscientemente condicionados aos padrões de pensamento do Catolicismo medieval. Os reformadores fizeram pequenas mudanças nas práticas da igreja, pois a massa não estava pronta para mudanças radicais.

        Eles fizeram do púlpito o centro dominante ao invés de centralizar a mesa do altar, como era feita antes!

       A reforma foi construída sobre a ideia de que as pessoas não poderiam conhecer a Deus, ou crescer espiritualmente ao menos que ouvissem pregações.

      O púlpito foi movido para mais perto de onde as pessoas sentavam, tornando o sermão uma parte fixa do culto.

       No fim da Idade Média, o púlpito tornou-se comum em igrejas de paróquias.
       Com a Reforma, tornou-se a peça central da mobília na igreja.
       O púlpito simbolizava a substituição da centralidade da ação ritualística, que era  a missa, abolida pelos reformadores, e transformou-se na instrução verbal clerical, que é o sermão.

       Tudo isso faz parte de tradições de homens. Tradições que impedem que o povo de Deus o adore em espírito e em verdade.

O Sermão, ou Pregação!

         Alguém diz: “Fulano de tal é um bom pregador; prega como o Apóstolo Paulo.” Nenhum pregador que conheço prega como Paulo! Não falo sobre questões teológicas, mas, no modo de se pregar hoje em dia.

          O camarada vem todo arrumado, às vezes até sabemos quem vai pregar só pela forma como o camarada está vestido, aí sobe no púlpito, e começa sua homilia. Fala, fala, fala e ninguém diz nada, nem faz uma perguntinha, e ele, fala, fala, fala, promete, mente, torce as escrituras, e todo mundo fica calado, até quem sabe que ele está errado, e ai de quem disser um pio ou fazer qualquer questionamento. O homem tá “ungido”; não podemos atrapalhar o Espírito Santo. E pegue mentira, erro e ladainha! Isso não tem nada a ver com as pregações de Jesus nem de seus apóstolos, mas foi emprestado diretamente da associação pagã da cultura grega!

O Surgimento do Sermão de nossos dias!

        No século V, antes de Cristo havia um grupo de mestres peregrinos chamados Sofistas. De acordo com estudiosos, eles inventaram a retórica, que é a arte de falar persuasivamente. Eles costumavam recrutar discípulos e exigiam o pagamento dos que estivessem interessados em ouvir seus discursos.

          Os Sofistas eram experientes na arte de debates. Eram mestres em usar os adequados apelos emocionais, aparência física e linguajar para “vender” seus argumentos. Com o tempo, o estilo, a forma e a destreza da oratória dos Sofistas chegaram a ser mais estimada do que sua exatidão. Por isso, um bom orador poderia usar seu sermão para influenciar sua audiência a acreditar numa coisa que ele sabia que era falso. Para a mente grega, ganhar um argumento era uma virtude maior do que pregar a verdade.


      É daqui que vem a forma do sermão que ouvimos hoje em dia nas igrejas. Hoje, os seminaristas pagam uma disciplina chamada homilética para aprender a pregar, com todas as técnicas de retórica dos Sofistas.

      Como se vestir, como se portar, o cuidado com os gestos, a eloquência, o cuidado para não ferir os ouvintes com alguma palavra “pesada”! Pelo amor de Deus! É por isso que eu disse que ninguém prega mais como Paulo.
   
       Jesus e os apóstolos não usavam púlpitos, não queriam atrair ninguém pelo modo de falar nem de vestir, eles desejavam que as pessoas fossem atraídas por Deus Pai. Paulo disse: “A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria humana, e sim no poder de Deus.” 1Coríntios 2.4-5.
      É dos Sofistas também que surgiu essa prática de um só camarada falando (o pregador), e todos os demais ouvindo passivamente, sem falarem nada, nem questionarem coisa nenhuma.

      Como é diferente da verdadeira pregação, e o conteúdo nem se fala, as diferenças são gritantes.

       O sermão de hoje não tem raízes nas Escrituras, mas, é emprestado, recuperado e adotado da cultura pagã para a fé cristã. Essa verdade pode escandalizar, mas é verdade!

       Vejamos algumas diferenças.

Velho Testamento

         No sermão do Antigo Testamento havia participação ativa e interrupções. Profetas e sacerdotes pregavam incomodando os ouvintes, abordando um tema atual, ao invés se usar anotações. Eles falavam em resposta a acontecimentos específicos, e não proferiam discursos ou mensagens regularmente ao povo de Deus, (Deuteronômio 1.1; 5.1; 27.1; 9; Josué 23.1; 24.15; Isaías; Jeremias; Ezequiel; Daniel; Amós; Zacarias; etc).

         Nessa época o sermão era esporádico, era algo que fluía e havia abertura para a participação pública.


Novo Testamento

       As mensagens que Jesus compartilhou a maior parte das vezes com os discípulos, eram consistentemente espontâneas e informais.

       Seguindo o mesmo padrão, a pregação apostólica registrada em Atos, era esporádica,  ministrada em ocasiões especiais para tratar de problemas específicos, Atos 2.14-35; 7.1-53; 15.13-21;32;  17.22-34; 20.7-12; 17-35; 26.24-29.

      Era improvisada e não tinha uma estrutura retórica. Incluía debates e interrupções por parte do povo, ao invés de um mero monólogo.

        A palavra grega frequentemente usada para descrever a pregação e os ensinos do primeiro século é dialégomai (Atos 17.2; 17; 18.4; 19; 19.8-9; 20.7; 9; 24.25). Ela literalmente significa raciocinar, ensinar com método de perguntas e respostas, discursar, mas sempre com a ideia de estímulo intelectual, é dessa palavra grega que vem o termo português, “diálogo”. Ou seja, é uma conversação entre duas ou mais pessoas. Mas o que se vê nas reuniões religiosas de hoje é um camarada falando e os demais ouvindo passivamente.

      Em poucas palavras, o púlpito e os sermões contemporâneos são alheios tanto ao Antigo quanto ao Novo Testamento.
       Não existe absolutamente nada nas Escrituras que indique sua existência nas reuniões da Igreja primitiva.

       Que o Senhor nos dê discernimento para compreender a sua verdade.

Em Cristo

Francisco Rodrigues Filho

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