Convite à Loucura
Nº28 O Cristão deve falar em Línguas Estranhas? (Parte 4)
Vimos no folheto Nº25, que o verdadeiro
dom de línguas era aquele do livro de Atos. No folheto Nº26, podemos observar o
contexto da sociedade de Corinto, e como esse contexto influenciava os cristãos
imaturos, fazendo-os usar esse dom de forma egoísta e fraudulenta. No folheto
Nº27 vimos o apóstolo Paulo repreendendo os exageros dos coríntios e como eles
desobedeciam as Escrituras quando falavam em línguas. Veremos agora mais
heresias criadas por esses que defendem esse linguajar estranho.
1Coríntios 13.1
Os defensores das
“línguas estranhas” dizem que o barulho que eles fazem, não dá pra ser
entendido por ninguém aqui na terra, pois são línguas dos anjos.
Isso é mais uma evidência de como esse
povo é ruim em interpretação Bíblica.
Dizem eles que as línguas estranhas são
idiomas dos anjos, baseando-se em 1Coríntios 13.1; “Ainda
que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o
bronze que soa ou como o címbalo que retine.” Não necessita
ser um teólogo para ver que nesse versículo Paulo está usando uma hipérbole,
uma figura de linguagem que engrandece ou diminui em demasia a verdade das
coisas; é um exagero. Observe que Paulo continua com a figura de linguagem no
versículo 2, dizendo que: “Ainda que eu
(...) conheça todos os mistérios e toda
ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes,...”.
RACIOCINE! Paulo não sabia todos os mistérios, e não tinha todo o conhecimento,
e nem tinha fé capaz de mover montanhas. Com isso deduzimos que ele também
não falava essa suposta língua dos anjos.
Outra observação a se fazer nesse texto é
que Paulo diz; “ainda que eu fale...”
Isso mostra que ele não falava essas línguas. No entanto em 1Coríntios 14.18,
ele afirma categoricamente que falava em outros idiomas mais do que qualquer
irmão de Corinto.
O Apóstolo Paulo estava escrevendo em
termos gerais hipotéticos. Não há nenhum ensino Bíblico a respeito de alguma
língua dos anjos especial que as pessoas pudessem aprender a falar. E para
finalizar, a Bíblia está repleta de textos em que anjos se comunicam com os
humanos e em nenhum desses textos eles falavam em alguma língua desconhecida
dos homens.
1Coríntios 14.2
Os defensores dessa doutrina usam esse
versículo para dizer que o dom de língua é um mistério e não um idioma
qualquer.
Para a correta interpretação desse
capitulo, é fundamental atentar-nos para as formas singular; língua, e a plural línguas. Paulo parece usar o singular para distinguir o falso dom
da algaravia pagã e o plural para indicar o dom genuíno de uma língua
estrangeira. Apesar de em algumas traduções não esteja indicado, de modo
consistente, a distinção entre a forma singular e a plural. Mas o que nos
interessa são os originais e não as traduções.
Singular, veja versículos, 2; 4; 13-14;
19; 27. Plural, veja versículos, 6; 18; 22-23. Quando está no singular indica
que se trata da falsa algaravia do falso discurso extático pagão. Quando é
usado o singular é por que a falsa língua não pode ser plural; não existem
diversos tipos de línguas inexistentes. Existem, todavia, diversas línguas
estrangeiras; assim, nesse texto, quando fala a respeito do verdadeiro dom de
línguas, Paulo emprega o plural a fim de fazer a distinção. Com isso aprendemos
que mesmo na época de Paulo essas línguas extáticas já existiam, mas que nada
tinham a ver com o verdadeiro dom de línguas.
Veja também que quem estava falando essas
línguas não se dirigiam a homens, mas sim a “deus”. Pois a melhor tradução para esse trecho
seria; “a
um deus”. O texto em grego não tem o artigo definido, e por isso, não
se refere ao nosso Deus Todo Poderoso, e sim a um deus, ou demônio. A algaravia
deles era adoração a deuses pagãos. Mesmo que inconscientemente os coríntios
estavam adorando a deuses pagãos com seu falso dom de línguas.
A Bíblia não apresenta nenhuma ocorrência
de qualquer cristão falando a Deus em nenhuma outra língua a não ser na língua
dos seres humanos.
“...visto
que ninguém o entende, e em espírito fala mistérios.”
Os Coríntios carnais, usando o falso discurso extático do paganismo, não
estavam interessados em ser entendidos, mas em apresentar um espetáculo
dramático. O espírito por intermédio do qual falavam não era o Espírito Santo,
mas o próprio espírito humano deles ou algum demônio; e os mistérios que eles
declaravam eram do tipo associado às religiões pagãs de mistérios, que era
adotado pela sua profundidade que somente alguns poucos iniciados tinham o
privilégio de conhecer e entender. Esses mistérios são totalmente diferentes
daqueles mencionados nas Escrituras, os quais eram revelações divinas de
verdades que antes eram escondidas.
Se você costuma entrar em transe e balbuciar
palavras que não compreende, cuidado; você pode estar cultuando a demônios.
Marcos 16.14-20
Os que defendem a doutrina de línguas
estranhas, dizem que esse texto conclui que essa doutrina é irrefutável,
contudo, mais uma vez o que se conclui é como essa gente é ruim em
interpretação bíblica. Dizem eles que esses sinais que estão registrados aqui,
devem marcar a vida de todos os que crêem em Jesus. Mas, será mesmo isso que o
texto está dizendo? Vamos analisá-lo!
Depois de ressuscitado, Jesus apareceu a
Maria Madalena que imediatamente foi anunciar a boa nova aos companheiros de
Jesus, e eles não
acreditaram nela (versículos 9-11). Jesus também apareceu a dois
companheiros seus que foram imediatamente contar aos outros, mas também não lhes deram crédito (versículos
12-13). Finalmente foi necessário o próprio Jesus aparecer a eles. E assim
sendo, lhes repreendeu a sua
incredulidade e a sua dureza de coração, já que não
tinham dado crédito aos que já o tinham visto ressuscitado. (versículo 14).
Eles não acreditaram no testemunho da ressurreição, Lucas 24.10-11. Nisso Jesus
diz: “Vão por todo o mundo pregar o meu
evangelho, pois estes sinais vão lhes acompanhar, se vocês crerem...”. Daí
ele descreve essa pequena lista de sinais. Jesus diz que esses sinais seguiriam
os que cressem e não os que continuassem com a “incredulidade e dureza de coração.”
E realmente quando eles creram, os sinais confirmaram suas palavras, veja
versículo 20.
Veja que o versículo 20 começa com; “e
eles...” Quem eram esses, eles? Todo mundo que crer em Jesus? Claro que não! O contexto claramente diz que eram os discípulos.
Esses sinais foram prometidos à comunidade dos
apóstolos (Mateus 10.1; 2Coríntios 12.12), Não a todos os crentes de todas as
épocas.
Não há base bíblica para acreditarmos
que todos os que crêem em Jesus têm o dever de operar esses sinais descritos em
Marcos 16.17-18. Se bem que os defensores de línguas estranhas, não querem nem
de longe beber alguma coisa mortífera, como o veneno; ou querem?
neós ou kainós
?
Outro fato que derruba essa heresia é
o termo grego “novas”, pois o texto diz que: “Falarão novas línguas.” Pois bem;
a língua grega conhece basicamente duas palavras para expressar a idéia de
novo, néos e kainós, neós é novo, não
existente antes. Mas a que é empregada aqui é “kainós”, não descreve algo novo no sentido temporal, e sim algo não
usual, nada corriqueiro. Não usado no momento, mas que já existia. Essa heresia
poderia ser sustentada se o termo usado aqui fosse neós, mas é kainós. As
“novas” línguas desse texto são as “outras” línguas de Atos 2. Obviamente, não
eram novas para os ouvintes, e sim para aqueles que as falavam.
Para quem acha que eu estou errado, pode
até ser que eu esteja, escrevam-me, tenham coragem, mas só aceito objeções se
forem pautadas na Bíblia Sagrada!
Em Cristo
Francisco Rodrigues Filho