Convite à
Loucura Nº47
Um Deus
de graça e seus servos inúteis
Enquanto
alguns “crentes” acham que são merecedores de uma vida boa aqui nesse mundo, reivindicando
“seus direitos”, decretando bênçãos como se Deus tivesse o direito de
favorecê-los, a Bíblia nos diz que por mais que tenhamos feito, ainda somos
servos inúteis, isto é, indignos de qualquer honra especial (Lucas 17.10).
Erguem
seus templos suntuosos, são assíduos em suas reuniões e por isso acham que são
os tais. Esquecem que Deus “não habita em santuários feitos por mãos
humanas”, e não precisa de nada que venha de nossas mãos, do contrário,
ele “é
quem a todos dá vida, respiração e tudo mais”. (Atos 17.24-25).
Até o
simples ato de aceitar a salvação, na verdade vem dele. É ele quem efetua em
nós o querer de acordo com sua boa vontade (Filipenses 2.13). Não somos nem
capazes de pensar em alguma coisa boa, quando isso acontece é uma iluminação de
Deus e não de nós, “pelo contrário, a nossa suficiência vem de Deus.”
(2Coríntios 3.5).
A Graça.
“E a
graça foi concedida a cada um de nós segundo a proporção do dom de Cristo.” (Efésios 4.7), “graça” aqui é a definição em uma
única palavra do significado do evangelho, as boas novas da oferta de salvação
de Deus para a humanidade perdida e indigna. A salvação que o Senhor nos dá é
totalmente de graça, não tem relação com nada que tenhamos feito. Leiam também
Efésios 2.7-10 e parem com essa paranoia de achar que de alguma coisa somos
merecedores. O nosso caminho era o inferno, mas Deus com sua graça abundante
enviou seu Filho para nos livrar desse destino terrível.
Vamos à
história!
Os
escribas e fariseus que supostamente haviam se convertido a Cristo, estavam
querendo impor legalismo e ritualismo como pré-requisitos necessários para a
salvação. Por isso surgiu o primeiro concílio[1] e mais importante de todos.[2]
Nesse concílio os apóstolos e muitos presbíteros contestaram e afirmaram, para
sempre, aquilo que a Bíblia já afirmava, que a salvação é exclusivamente pela
graça, mediante a fé em Cristo. (Atos 15.1-11).
Alguns indivíduos,
judaizantes que se nomeavam guardiões do legalismo, ensinavam uma doutrina de
salvação pelas obras. Em particular, aqui, a circuncisão, heresia propagada
pelos judaizantes, baseados em Gênesis 17.9-14.
Pedro fez o primeiro dos três
discursos no concílio, que constitui uma das mais fortes defesas contidas na
Escritura, da salvação pela graça por meio da fé somente.[3]
Pedro começou sua defesa recapitulando como Deus salvou os gentios nos tempos
da Igreja primitiva sem requerer circuncisão, observância da lei ou de rituais,
referindo-se à salvação de Cornélio e os de sua casa (Atos 10.44-48; 11.17-18).
Se Deus não exigiu nenhuma qualificação a mais para a salvação, então ninguém
deveria exigir. Paulo enfatizou esse mesmo assunto em Filipenses 3.2-11.
Esses legalistas hereges esperavam
que os gentios carregassem uma carga que eles mesmos não estavam dispostos a
suportar. É por isso que Pedro disse: “Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo
sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais puderam suportar, nem
nós? Mas cremos que fomos salvos pela graça do Senhor Jesus, como também
aqueles o foram.” (Atos 15.10-11).
Salvação
pela graça.
Se você viver a vida
tentando fazer algo para agradar a Deus e consequentemente receber como
recompensa a salvação, o que lhe aguarda é a danação eterna, pois você não creu
na Palavra de Cristo que diz que: “Todo aquele que nele crer está salvo!”
O salvo é aquele que crê que
está salvo. E não aquele que busca incessantemente merecer essa salvação.
Os “mestres” institucionais
odeiam esse ensino, pois o que eles querem é que o povo fique dependendo deles,
de suas orações, de suas reuniões, de seus rituais que, na verdade afasta cada
vez mais de Deus aqueles que a eles se submetem.
A boa nova que
eles pregam não é boa nova, mas é a antiga aliança disfarçada. Onde sugere que
para se receber a bênção da salvação temos que costurar o véu do templo[4]
e depositar no altar, em proporção, tudo aquilo que se quer
receber do SENHOR.
O seu
serviço a Deus pode ser um ato de rebeldia!
Os supostos deuses pagãos
obrigam o homem a lhes prestar serviço. Só que o nosso Deus, o único e
verdadeiro Deus, é diferente, ele não depende de ninguém para dar andamento nos
seus negócios. Ao contrário, ele engrandece sua auto suficiência fazendo todo o
trabalho sozinho.
O próprio Jesus disse que “nem
mesmo o Filho do homem veio para ser servido...” (Marcos 10.45ª).
Muitas vezes o serviço a Deus
tem se tornado em idolatria. Muitos têm servido ao Deus verdadeiro de forma
errada. Se Jesus disse que não veio ao mundo para ser servido, o serviço a ele
pode ser um ato de rebeldia.
Deus não quer ser servido,
pois ele “não habita em santuários feitos por mãos humanas. Nem é servido por
mãos humanas, como se de alguma coisa precisasse; pois ele mesmo é quem a todos
dá vida, respiração e tudo mais...”(Atos 17.24b-25). Deus é quem nos serve
de modo a suprir nossas necessidades, “porque desde a antiguidade não se ouviu,
nem com os ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu Deus além de ti, que trabalha
para aquele que nele espera.” (Isaías 64.4). Ele procura pessoas que o
deixem trabalhar poderosamente para elas e por meio delas.
Veja que Deus repreende
Israel por lhe trazer tantos sacrifícios (Salmos 50.9-10; 12).
Não devemos trabalhar para
Deus, leia Romanos 4.4-6. Trabalhadores recebem o que lhe é devido e não
presentes de graça. Ele recebe a glória por ser o realizador da graça, e não
por pagar a alguém o que lhe é devido. A “carne” religiosa sempre desejará
prestar serviço a Deus (Romanos 8.13). E quando trabalhamos muito para o Senhor
temos a tendência de nos orgulhar por esse serviço; os que assim fazem não
servem a Cristo, nosso Senhor, mas a si mesmos! Contudo, a Bíblia também nos
aconselha a servir ao Senhor (Salmos 100.2ª; Romanos 12.11). Como pode ser
isso?
O que temos para ofertar a Deus sem o
desonrar e sem se rebelar contra ele? Resposta: qualquer coisa que demonstre nossa dependência e a autossuficiência
dele. Em vez de ficarmos uma pilha de nervos pensando em como servir a
Deus, podemos começar ofertando-o a nossa “ansiedade” (1Pedro 5.7). Repito:
Deus receberá de nós qualquer coisa que demonstre nossa dependência e
autossuficiência dele.
Vamos ler Salmos 123.2. “Como
os olhos dos servos estão fitos nas mãos dos seus senhores, e os olhos da
serva, na mão de sua senhora, assim os nossos olhos estão fitos no SENHOR,
nosso Deus, até que se compadeça de nós.”
Lhes prestaremos um bom
serviço se agirmos como esses servos que têm os olhos atentos à mão de seus
senhores, sempre esperando por misericórdia. O bom servo que agrada a Deus, em
vez de oferecer assistência, sempre recebe misericórdia.
A única forma correta de prestar serviço a
Deus é de uma forma que lhe garanta toda a glória (1Pedro 4.11). Como servi-lo
de modo que ele seja glorificado? Fazendo isso na força que ele supre.
Conclusão.
Devemos trabalhar
arduamente; porém, jamais nos esqueçamos de que tudo é feito pela graça de Deus
conosco (1Coríntios 15.10). É ele quem opera em nós tanto o querer quanto o
realizar (Filipenses 2.13). Vamos pregar e evangelizar sem ousar dizer nada
além do que Cristo operou em nós (Romanos 15.18).
O verdadeiro serviço que
agrada ao Senhor é quando tudo o que fazemos glorifica a ele e não a nós! “Portanto, quer comais, quer bebais ou
façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus.”
(1Coríntios 10.31).
Em Cristo
F.Rodrigues Filho
[1] Concílio é uma assembleia, uma reunião, um conselho de
líderes religiosos. A palavra latina consilium significa “assembleia”,
“ajuntamento”. O termo grego, usado no Novo Testamento, é sune///drion (synédrion), que significa “estar sentado
com”. Depois a igreja católica realizou inúmeros concílios!
[2] Esse foi o concílio de Jerusalém, o qual estabeleceu a
resposta à questão doutrinária mais vital de todas: “O que uma pessoa deve
fazer para ser salva?”
[3] Atos 15.6-7.
[4] O tabernáculo de Deus onde os israelitas o adoravam tinha
dois compartimentos separados por um véu, o santo lugar e o santo dos santos
(Êxodo 26.33). No lugar santo os adoradores podiam entrar, contudo no santo dos
santos somente o sumo sacerdote podia adentrar uma vez por ano para pedir a seu
favor e a favor do povo. O santo dos santos era o lugar onde a presença de Deus
era constante e se o sacerdote entrasse em pecado era fulminado com a morte.
O povo comum
vivia separado da presença do Senhor por esse véu. Quando o véu foi rasgado de
alto a baixo o povo podia se achegar a presença de Deus por meio de um “novo e
vivo caminho” (Hebreus 10.19). Por causa da morte de Cristo e de seu ministério
como sumo sacerdote e de seu sacrifício consumado, todos podem se colocar com intrepidez
(confiança) na presença de Deus.
Tentar costurar
esse véu novamente é esquecer, ignorar, passar por cima de tudo que está
escrito em relação ao sacrifício de Cristo e se submeter novamente a sacerdotes
que mediam ao seu favor e a favor do povo, que diabolicamente se tornam
mediadores entre o crente e Deus, contrariando a Bíblia que diz que esse único
mediador, agora, é Cristo Jesus Nosso Senhor (1Timóteo 2.5).