Convite à Loucura Nº38 A “igreja” é um Sucesso.
Hoje em dia,
templo cheio é sinônimo de aprovação de Deus. Quanto mais gente em um culto,
mais é dito que ali o Senhor está agindo; mas, será que é assim mesmo?
Vamos
à Bíblia!
Quando o verdadeiro Evangelho era pregado
havia muitos adversários[1]
(1Coríntios 16.9). Todos que vivem uma vida para a glória de Deus
experimentarão o ódio e o antagonismo do mundo; pelo menos é o que a Bíblia
afirma; João 15.18-20; 2Timóteo 3.12. O cristão fiel deve esperar
perseguição e o sofrimento nas mãos de um mundo que rejeita Cristo. “Meus
irmãos, não vos admireis se o mundo vos odeia.” [2]
1João 3.13. Isso não deve nos surpreender tendo em vista que o pai dos
incrédulos é o odioso Satanás, 1João 3.10.
“Vamos
raciocinar”
Veja que,
muitas vezes, quando o verdadeiro Evangelho foi pregado, era recebido com
hostilidade.
Jesus deu sua
Palavra aos discípulos e o mundo os odiou.[3]
Veja também que, ao contrário disso, hoje, o mundo ama àqueles que,
supostamente, deveriam estar pregando essa palavra. Não vê que alguma coisa
está errada?[4]
A conclusão óbvia é que; ou a Bíblia
está errada ou o que se está pregando, hoje em dia, não é a verdadeira Palavra
de Deus.
Como nós
cremos cem por cento no que a Bíblia diz, concluímos então que o que está sendo
pregado por aí não é o verdadeiro Evangelho.
A
popularidade de algumas figuras do mundo evangélico atual, só demonstra o
quanto eles estão distantes do verdadeiro Evangelho de Cristo. O próprio Jesus
disse: “Ai de vós, quando todos vos louvarem! Porquanto, foi assim também que
agiram os vossos antepassados com os falsos profetas.” Lucas 6.26.
Serão
julgados por Deus, não somente os que buscam tal popularidade, apresentando ao
povo o que eles desejam ouvir, mas também os que os apóiam. Todos terão que
prestar contas. Por outro lado todos não nos surpreende; “Meus irmãos, não vos admireis se
o
mundo
vos odeia.”
1João
3.13.
A História está repleta de história de perseguição aos santos crentes por parte
do mundo (Hebreus 11.36-40).
Quando o
mundo ama, é por que o que se é amado faz parte desse mundo. Se o mundo ama a
igreja institucionalizada é por razão dela fazer parte desse sistema mundano. Assim
falou o nosso Senhor Jesus, João 15.18-19. “Se o mundo [5] vos odeia, sabei que, antes de vós, odiou a
mim. Se fôsseis do mundo, ele vos amaria como se pertencêsseis a ele.
Entretanto, não sois do mundo; mas Eu vos escolhi e vos libertei do mundo; por
essa razão, o mundo vos odeia.” Ou Jesus está errado?
De acordo com
a Bíblia, os que são aplaudidos pelo mundo, são do mundo! “Eles são mundanos; por isso
falam como quem pertence ao mundo, e o mundo os compreende.” 1João 4.5 [6].
João diz aqui que os falsos profetas de seus dias eram desse mundo e, por isso
estavam preocupados com os assuntos desse mundo, e nisso, o mundo lhes prestava
atenção. Os falsos profetas, de seus púlpitos só pregam palavras de auto-ajuda,
ou seja; o que interessa a esse mundo. Interesses materiais e não as boas novas
do alto (Colossenses 3.1-2).
A Verdadeira pregação bíblica.
Veja em Atos
23. Paulo é julgado no sinédrio; depois os judeus armam uma cilada para acabar
com sua vida (23.12-15). O sobrinho de Paulo o avisou sobre essa cilada, e em
seguida ao comandante Lísias que o tirou das garras dos judeus e o enviou ao
Governador Félix (23.16-25). Cinco dias depois foi acusado novamente e
novamente apresentou sua defesa. O Governador Félix adia seu julgamento
conservando-o preso, (24.1-22). Alguns dias depois o Governador e sua esposa
Drusila vem ouví-lo a respeito da fé em Cristo Jesus, (24.24-25).
O que Paulo pregou?
A pregação de
Paulo foi, “justiça, domínio próprio e juízo vindouro.” Paulo
poderia ter clamado por sua libertação ou preparado uma mensagem suave e de
bons presságios, como se faz hoje. Contudo, ele falou da parte do Senhor sobre
o que Félix e Drusila mais necessitavam: arrependimento e salvação.[7]
Que diferença das pregações de hoje; que só
falam de “conforto, auto-ajuda e bênção.”
Qual pregador moderno perderia a oportunidade
de bajular o Governador Félix e prometer-lhe bênçãos e prosperidade, numa
situação semelhante? Conheço alguns que até se ofereceriam para ser o profeta
particular de seu governo, que é o que acontece hoje com os pastores e
políticos bem sucedidos!
Qual a reação de Félix?
A reação de
Félix foi a mesma de todos àqueles que ouvem o Evangelho quando estão em falta
com Deus. A conscientização de que um dia iria enfrentar o “juízo vindouro” o
alarmou, e, por isso, despediu Paulo imediatamente. Esse é o efeito do
Evangelho original, e não o louvor do pregador. Hoje os pregadores são louvados
pelo seu público, contradizendo o efeito natural que o Evangelho causa.
Pregações
melosas de auto-ajuda atraem louvor e glória para o pregador e sua
instituição. Pregação verdadeiramente bíblica atrai temor, respeito e glória ao
Senhor.
Ai de vós, quando todos vos louvarem!
Lucas 6.26ª.
Qual pregador
televisivo de hoje em dia não aceitaria ser proclamado como um líder mundial?
Qual deles rejeitaria ser proclamado rei? Nenhum!
Contudo o
nosso exemplo maior, Cristo, não agiu dessa maneira. Quando o povo quis
proclamá-lo rei, e obrigá-lo a usar uma coroa, ele rejeitou e retirou-se (João
6.15). Porém, quando vieram para obrigá-lo a levar a cruz, ele se ofereceu
porque veio à este mundo para sofrer, e voltou ao outro mundo para reinar.
Enquanto
muitas instituições religiosas querem ser o próprio reino de Deus neste mundo.
O verdadeiro Reino de Deus não o é de maneira nenhuma deste mundo. Em João
18.36 o próprio Cristo disse: “O meu Reino não é deste mundo.”
“Até hoje,
estamos passando fome, sede e necessidade de roupas; somos afrontados e
esbofeteados [8], e não temos
morada certa. Nos afadigamos de trabalhar arduamente com as próprias mãos.
Quando somos ofendidos, abençoamos; quando perseguidos, não revidamos; quando
caluniados, respondemos fraternalmente. Até esse momento, somos considerados a
escória da humanidade, o lixo [9] do mundo.” 1Coríntios
4.11-13.
Nesse texto
de 1Coríntios, Paulo considera a si mesmo louco, fraco, desprezível, lixo e
escória (1Coríntios 4.10-13). Não do ponto de vista de Deus, mas dos homens,
Paulo e seus companheiros pregadores eram assim designados.
Será que Deus não agia na vida de Paulo?
Pergunto assim, já que se um pregador não for adorado pelo povo, muitos dizem
que é por não ter a unção de Deus. Ou se um templo tiver poucos membros é sinal
da desaprovação de Deus. Eu já digo o contrário; onde tiver mais gente, é sinal
de que ali não se prega o verdadeiro Evangelho.
Quando foi
criado o sistema eclesial, no espírito da igreja católica, pelo imperador,
pagão, Constantino; o mundo aplaudiu. Contudo a verdadeira Igreja nunca deixou
de existir, o próprio Jesus prometeu que as forças demoníacas jamais venceriam
a sua Igreja, (Mateus 16.18). Depois de sua ressurreição ele apareceu à sua
Igreja e prometeu está com ela até a consumação dos séculos (Mateus 28.18-20).
Veja o que o Apóstolo Paulo, disse em (Efésios 3.21).
Creio que a
Igreja de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo nunca morreu. Ela estará na
terra pregando a Palavra de Deus até a volta do Senhor Jesus.
Mesmo na
época de “glória” da igreja católica, conhecida como a era das trevas, (antes
da reforma protestante), sempre houve aqui e acolá grupos de irmãos pregando a
Palavra de Deus fielmente como nós do Convite à Loucura estamos fazendo. Essa é
a verdadeira Igreja de Deus. (A Igreja não significa um lugar ou edifício,
mas o ajuntamento, a assembleia ou a reunião dos fiéis seguidores de Cristo com
o objetivo de adorar a Deus, estudar sua palavra, cooperar e encorajar uns aos
outros na fé).
Se as igrejas de hoje fossem realmente de Deus
não seriam “um sucesso”. Sendo elas “um sucesso” no âmbito material, secular e
mundano é mais do que uma prova de que elas não são de Deus!
Em Cristo
Francisco
Rodrigues Filho
[1]
O termo grego usado aqui é antikei/menoi (antikeimenoi)
que é o particípio presente médio de anti/keimai (antikeimai) e significa opor-se a alguém, ficar contra alguém, resistir. Paulo está
dizendo aqui que quando ele pregava em Éfeso havia muitas pessoas que ficavam
contra ele.
[2]
Estamos usando a versão da
Bíblia King James de 1611, publicada pela primeira vez a 400 anos atrás pelos
50 mais notáveis exegetas e biblistas britânicos, súditos do rei evangélico
James I (Tiago Primeiro).
[3]
“Eu lhes tenho transmitido a
tua palavra, e o mundo os odiou, porque eles não pertencem ao mundo, como Eu
não sou do mundo.” João 17.14.
[4]
Na mentalidade de muitos,
pregadores ungidos por Deus são aqueles que todos aplaudem. Mas a Bíblia diz
outra coisa.
[5]
Nesse texto a palavra MUNDO, grego: ko/smoj , (kósmos)
é o sistema econômico, político, cultural, tecnológico e religioso que
determina o estilo de vida dos povos. Os crentes são como Jesus: estrangeiros
em sua própria terra. Considerando que Satanás domina o sistema ímpio do mundo
em rebelião contra Deus (João 14.30), o resultado é que o mundo odeia a Jesus
bem como aos que o seguem (2Timóteo 3.12).
[6]
dia\ tou=to (diá touto), “por
essa razão” ou “por isso”. akou/ei, (akouei), é o presente indicativo ativo
seguido pelo genitivo, o mundo os “ouve” no sentido de compreender; “prestar
atenção a,” “ouvir”. O mundo reconhece seu próprio povo e ouve e compreende uma
mensagem que se origina em seu próprio círculo. Isto explica a popularidade dos
falsos profetas da época de João e de muitos “ministérios” dos dias de atuais.
[7] De acordo com Tácito ( historiador romano, que viveu entre 55 d.c.- 120
d.c.), Félix havia persuadido a Drusila a abandonar o marido dela a fim de
casar-se com ele. E também empregou assasinos para matar o sumo sacerdote
Jônatas, e bem poderia ter medo da pregação sobre o juízo vindouro. Félix
obviamente não possuía “justiça” e “domínio próprio”.
[8]
Paulo usa aqui o termo kolafizo=meqa , (kolafizometha), que é o presente indicativo passivo de kolafi/zw , (kolafizô), que é bater com os punhos, esbofetear, não apenas em
defesa, mas de modo insultante (como se bate em escravo ou em uma pessoa
condenada). No serviço do Reino de Deus os pregadores eram tratados como
escravos e condenados; que diferença dos astros evangélicos de hoje.
[9]
Lixo, grego: perika/qarma,(perikátharma) aquilo que é removido mediante uma limpeza completa;
isto é, lixo, refugo. A palavra também era usada para indicar os criminosos
condenados das classes mais baixas, que eram sacrificados como oferendas para a
purificação de uma cidade. Será que os pregadores itinerantes de hoje
continuariam pregadores se fossem tratados como lixo ou como condenados pelo
mundo?