sábado, 19 de outubro de 2013

A "igreja" é um sucesso.


Convite à Loucura Nº38 A “igreja” é um Sucesso.
     Hoje em dia, templo cheio é sinônimo de aprovação de Deus. Quanto mais gente em um culto, mais é dito que ali o Senhor está agindo; mas, será que é assim mesmo?
Vamos à Bíblia!
      Quando o verdadeiro Evangelho era pregado havia muitos adversários[1] (1Coríntios 16.9). Todos que vivem uma vida para a glória de Deus experimentarão o ódio e o antagonismo do mundo; pelo menos é o que a Bíblia afirma; João 15.18-20; 2Timóteo 3.12. O cristão fiel deve esperar perseguição e o sofrimento nas mãos de um mundo que rejeita Cristo. “Meus irmãos, não vos admireis se o mundo vos odeia.” [2] 1João 3.13. Isso não deve nos surpreender tendo em vista que o pai dos incrédulos é o odioso Satanás, 1João 3.10.
“Vamos raciocinar”
Veja que, muitas vezes, quando o verdadeiro Evangelho foi pregado, era recebido com hostilidade.
Jesus deu sua Palavra aos discípulos e o mundo os odiou.[3] Veja também que, ao contrário disso, hoje, o mundo ama àqueles que, supostamente, deveriam estar pregando essa palavra. Não vê que alguma coisa está errada?[4]
A conclusão óbvia é que; ou a Bíblia está errada ou o que se está pregando, hoje em dia, não é a verdadeira Palavra de Deus.
Como nós cremos cem por cento no que a Bíblia diz, concluímos então que o que está sendo pregado por aí não é o verdadeiro Evangelho.
A popularidade de algumas figuras do mundo evangélico atual, só demonstra o quanto eles estão distantes do verdadeiro Evangelho de Cristo. O próprio Jesus disse: “Ai de vós, quando todos vos louvarem! Porquanto, foi assim também que agiram os vossos antepassados com os falsos profetas.”  Lucas 6.26.
Serão julgados por Deus, não somente os que buscam tal popularidade, apresentando ao povo o que eles desejam ouvir, mas também os que os apóiam. Todos terão que prestar contas. Por outro lado todos não nos surpreende; “Meus irmãos, não vos admireis se o mundo vos odeia.” 1João 3.13. A História está repleta de história de perseguição aos santos crentes por parte do mundo (Hebreus 11.36-40).
Quando o mundo ama, é por que o que se é amado faz parte desse mundo. Se o mundo ama a igreja institucionalizada é por razão dela fazer parte desse sistema mundano. Assim falou o nosso Senhor Jesus, João 15.18-19. “Se o mundo [5] vos odeia, sabei que, antes de vós, odiou a mim. Se fôsseis do mundo, ele vos amaria como se pertencêsseis a ele. Entretanto, não sois do mundo; mas Eu vos escolhi e vos libertei do mundo; por essa razão, o mundo vos odeia.” Ou Jesus está errado?
De acordo com a Bíblia, os que são aplaudidos pelo mundo, são do mundo! “Eles são mundanos; por isso falam como quem pertence ao mundo, e o mundo os compreende.” 1João 4.5 [6]. João diz aqui que os falsos profetas de seus dias eram desse mundo e, por isso estavam preocupados com os assuntos desse mundo, e nisso, o mundo lhes prestava atenção. Os falsos profetas, de seus púlpitos só pregam palavras de auto-ajuda, ou seja; o que interessa a esse mundo. Interesses materiais e não as boas novas do alto (Colossenses 3.1-2).
A Verdadeira pregação bíblica.
Veja em Atos 23. Paulo é julgado no sinédrio; depois os judeus armam uma cilada para acabar com sua vida (23.12-15). O sobrinho de Paulo o avisou sobre essa cilada, e em seguida ao comandante Lísias que o tirou das garras dos judeus e o enviou ao Governador Félix (23.16-25). Cinco dias depois foi acusado novamente e novamente apresentou sua defesa. O Governador Félix adia seu julgamento conservando-o preso, (24.1-22). Alguns dias depois o Governador e sua esposa Drusila vem ouví-lo a respeito da fé em Cristo Jesus, (24.24-25).
O que Paulo pregou?
A pregação de Paulo foi, “justiça, domínio próprio e juízo vindouro.” Paulo poderia ter clamado por sua libertação ou preparado uma mensagem suave e de bons presságios, como se faz hoje. Contudo, ele falou da parte do Senhor sobre o que Félix e Drusila mais necessitavam: arrependimento e salvação.[7]
 Que diferença das pregações de hoje; que só falam de “conforto, auto-ajuda e bênção.”
 Qual pregador moderno perderia a oportunidade de bajular o Governador Félix e prometer-lhe bênçãos e prosperidade, numa situação semelhante? Conheço alguns que até se ofereceriam para ser o profeta particular de seu governo, que é o que acontece hoje com os pastores e políticos bem sucedidos!
Qual a reação de Félix?
A reação de Félix foi a mesma de todos àqueles que ouvem o Evangelho quando estão em falta com Deus. A conscientização de que um dia iria enfrentar o “juízo vindouro” o alarmou, e, por isso, despediu Paulo imediatamente. Esse é o efeito do Evangelho original, e não o louvor do pregador. Hoje os pregadores são louvados pelo seu público, contradizendo o efeito natural que o Evangelho causa.
Pregações melosas de auto-ajuda atraem louvor e glória para o pregador e sua instituição. Pregação verdadeiramente bíblica atrai temor, respeito e glória ao Senhor.
Ai de vós, quando todos vos louvarem! Lucas 6.26ª.
Qual pregador televisivo de hoje em dia não aceitaria ser proclamado como um líder mundial? Qual deles rejeitaria ser proclamado rei? Nenhum!
Contudo o nosso exemplo maior, Cristo, não agiu dessa maneira. Quando o povo quis proclamá-lo rei, e obrigá-lo a usar uma coroa, ele rejeitou e retirou-se (João 6.15). Porém, quando vieram para obrigá-lo a levar a cruz, ele se ofereceu porque veio à este mundo para sofrer, e voltou ao outro mundo para reinar.
Enquanto muitas instituições religiosas querem ser o próprio reino de Deus neste mundo. O verdadeiro Reino de Deus não o é de maneira nenhuma deste mundo. Em João 18.36 o próprio Cristo disse: “O meu Reino não é deste mundo.”

“Até hoje, estamos passando fome, sede e necessidade de roupas; somos afrontados e esbofeteados [8], e não temos morada certa. Nos afadigamos de trabalhar arduamente com as próprias mãos. Quando somos ofendidos, abençoamos; quando perseguidos, não revidamos; quando caluniados, respondemos fraternalmente. Até esse momento, somos considerados a escória da humanidade, o lixo [9] do mundo.” 1Coríntios 4.11-13.
Nesse texto de 1Coríntios, Paulo considera a si mesmo louco, fraco, desprezível, lixo e escória (1Coríntios 4.10-13). Não do ponto de vista de Deus, mas dos homens, Paulo e seus companheiros pregadores eram assim designados.
      Será que Deus não agia na vida de Paulo? Pergunto assim, já que se um pregador não for adorado pelo povo, muitos dizem que é por não ter a unção de Deus. Ou se um templo tiver poucos membros é sinal da desaprovação de Deus. Eu já digo o contrário; onde tiver mais gente, é sinal de que ali não se prega o verdadeiro Evangelho.
Quando foi criado o sistema eclesial, no espírito da igreja católica, pelo imperador, pagão, Constantino; o mundo aplaudiu. Contudo a verdadeira Igreja nunca deixou de existir, o próprio Jesus prometeu que as forças demoníacas jamais venceriam a sua Igreja, (Mateus 16.18). Depois de sua ressurreição ele apareceu à sua Igreja e prometeu está com ela até a consumação dos séculos (Mateus 28.18-20). Veja o que o Apóstolo Paulo, disse em (Efésios 3.21).
Creio que a Igreja de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo nunca morreu. Ela estará na terra pregando a Palavra de Deus até a volta do Senhor Jesus.
Mesmo na época de “glória” da igreja católica, conhecida como a era das trevas, (antes da reforma protestante), sempre houve aqui e acolá grupos de irmãos pregando a Palavra de Deus fielmente como nós do Convite à Loucura estamos fazendo. Essa é a verdadeira Igreja de Deus. (A Igreja não significa um lugar ou edifício, mas o ajuntamento, a assembleia ou a reunião dos fiéis seguidores de Cristo com o objetivo de adorar a Deus, estudar sua palavra, cooperar e encorajar uns aos outros na fé).
 Se as igrejas de hoje fossem realmente de Deus não seriam “um sucesso”. Sendo elas “um sucesso” no âmbito material, secular e mundano é mais do que uma prova de que elas não são de Deus!

Em Cristo

Francisco Rodrigues Filho




[1] O termo grego usado aqui é antikei/menoi (antikeimenoi) que é o particípio presente médio de anti/keimai (antikeimai) e significa opor-se a alguém, ficar contra alguém, resistir. Paulo está dizendo aqui que quando ele pregava em Éfeso havia muitas pessoas que ficavam contra ele.
[2] Estamos usando a versão da Bíblia King James de 1611, publicada pela primeira vez a 400 anos atrás pelos 50 mais notáveis exegetas e biblistas britânicos, súditos do rei evangélico James I (Tiago Primeiro).
[3] “Eu lhes tenho transmitido a tua palavra, e o mundo os odiou, porque eles não pertencem ao mundo, como Eu não sou do mundo.” João 17.14.
[4] Na mentalidade de muitos, pregadores ungidos por Deus são aqueles que todos aplaudem. Mas a Bíblia diz outra coisa.
[5] Nesse texto a palavra MUNDO, grego: ko/smoj , (kósmos) é o sistema econômico, político, cultural, tecnológico e religioso que determina o estilo de vida dos povos. Os crentes são como Jesus: estrangeiros em sua própria terra. Considerando que Satanás domina o sistema ímpio do mundo em rebelião contra Deus (João 14.30), o resultado é que o mundo odeia a Jesus bem como aos que o seguem (2Timóteo 3.12).
[6] dia\ tou=to  (diá touto), “por essa razão” ou “por isso”. akou/ei, (akouei), é o presente indicativo ativo seguido pelo genitivo, o mundo os “ouve” no sentido de compreender; “prestar atenção a,” “ouvir”. O mundo reconhece seu próprio povo e ouve e compreende uma mensagem que se origina em seu próprio círculo. Isto explica a popularidade dos falsos profetas da época de João e de muitos “ministérios” dos dias de atuais.
[7] De acordo com Tácito ( historiador romano, que viveu entre 55 d.c.- 120 d.c.), Félix havia persuadido a Drusila a abandonar o marido dela a fim de casar-se com ele. E também empregou assasinos para matar o sumo sacerdote Jônatas, e bem poderia ter medo da pregação sobre o juízo vindouro. Félix obviamente não possuía “justiça” e “domínio próprio”.
[8] Paulo usa aqui o termo kolafizo=meqa , (kolafizometha), que é o presente indicativo passivo de kolafi/zw , (kolafizô), que é bater com os punhos, esbofetear, não apenas em defesa, mas de modo insultante (como se bate em escravo ou em uma pessoa condenada). No serviço do Reino de Deus os pregadores eram tratados como escravos e condenados; que diferença dos astros evangélicos de hoje.
[9] Lixo, grego: perika/qarma,(perikátharma) aquilo que é removido mediante uma limpeza completa; isto é, lixo, refugo. A palavra também era usada para indicar os criminosos condenados das classes mais baixas, que eram sacrificados como oferendas para a purificação de uma cidade. Será que os pregadores itinerantes de hoje continuariam pregadores se fossem tratados como lixo ou como condenados pelo mundo?