domingo, 24 de junho de 2012

Uma Igreja sem Placas!


Convite à Loucura Nº 24 Uma Igreja sem Placas!
      Muitas pessoas têm nos perguntado como se chama a igreja que agora nos congregamos. Apesar de não parecer, mas essa pergunta é muito difícil de se responder porque as pessoas têm uma ideia muita errada do que seja igreja nos dias atuais.
     Os irmãos trazem na cabeça a concepção de igreja como a estrutura material onde se reúnem nos fins de semana.
     Igreja é a tradução da palavra grega ekklesia, que significa assembleia dos servos de Deus, e que antes tinha um significado totalmente secular. A Igreja é um grupo de seguidores de Cristo que se reúnem, ou não, em um determinado lugar frequentemente. Também para adorar a Deus, já que isso deve ser feito durante todos os minutos de nossa vida. A palavra igreja considera a totalidade das pessoas salvas em todos os tempos. Efésios 1.22; Romanos 16.16.
Quem somos nós.
     Temos procurado retornar aos princípios e práticas do Novo Testamento. Crendo que “a igreja do Deus vivo” que foi formada pelo Espírito de Deus consiste num único corpo, composto por todos os crentes em Cristo que nasceram de novo e nos quais habita o Espírito Santo, eles se congregam em seus respectivos lugares simplesmente na condição de membros desse “um só corpo” que há (1Timóteo 3.15; Romanos 12.5; 1Coríntios 12.12-13; Efésios 4.4).
      A palavra igreja não carrega em si mesmo nenhuma conotação mágica, como alguns agem como se cressem nisso. Pode ser o grupo de Deus, o bando de Deus, a turma de Deus e assim por diante.
     O temor que as pessoas têm desse termo, demonstra o quanto elas o considera uma coisa sacrosanta, e sabemos que não é. É comum alguém dizer assim: “Rapaz comporte-se, pelo menos dentro da igreja.” Isso nos faz ver que o termo igreja, hoje em dia, é tido como algo sagrado. Mas não era assim na época neotestamentária. Era apenas uma reunião dos irmãos. Simples assim.
      O Espírito de Deus é reconhecido como o presidente e guia legítimo na nossa igreja, e a Bíblia é considerada como guia e autoridade plenamente suficiente e divinamente inspirada, 2Timóteo 3.16-17. A Bíblia nos ensina que todos os verdadeiros cristãos são um sacerdócio real e santo, e que o Espírito Santo tem a liberdade de usar qualquer um que ele deseje como seu porta voz na oração e no louvor, 1Pedro 2.5;9; 1Coríntios 12.11.
       Reconhecemos plenamente que Cristo é a cabeça da nossa Igreja e que ele tem dado dons a ela, profetas, evangelistas, pastores e mestres. Tudo isso para seu aperfeiçoamento na obra do ministério, Efésios 4.7-12. Não temos um ministério de um só homem, nem é designado por homem nenhum, Mas pelo próprio Deus.
       Não temos organização institucional, matriz ou autoridade central, nem bispos, nem pastores de mocidade, nem pastores titulares, nem pastores dirigentes, ou clero ordenado. Também não somos independentes. Funcionamos de forma conjunta, procurando “preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz” (Efésios 4.3).
      Se você chegar a ver alguma de nossas reuniões estranhará bastante pois, não verá nenhum clérico ou ministro, nem algum presbítero ou outro homem qualquer encarregado da reunião. Quer saber qual é o programa do culto? Não existe nenhum! Em nossas reuniões todos os irmãos atuam como “sacerdócio santo” para oferecerem sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus, por Cristo Jesus (1Pedro 2.5). Reconhecemos e colocamos em prática a presidência espiritual do Espírito Santo através das Escrituras Sagradas.

Como somos chamados?
      Com relação a nossa designação, preferimos ser chamados de “cristãos”, “santos”, “irmãos”, etc., encontrados nas Escrituras e que são aplicáveis a todos os filhos de Deus. Rejeitamos qualquer nome denominacional, desejamos ser conhecidos simplesmente como “cristãos reunidos em Nome do Senhor Jesus Cristo”. Lembramos de Tiago 2.7, que fala desse “bom nome que sobre vós foi invocado”.
O Motivo de Nossas Reuniões?
      Biblicamente existe vários tipos diferentes de reuniões em que os cristãos primitivos se congregavam; reuniões de oração, reuniões evangelísticas, reuniões ministeriais, reuniões apostólicas, concílios eclesiásticos, etc...
      As reuniões especiais aos Domingos, é a que eu estou me referindo. As nossas reuniões, assim como a dos cristãos primitivos nem é para adoração corporativa, nem pra se fazer evangelismo, nem pra se escutar um sermão e nem é para se confraternizar.

     Nós não nos reunimos para:
     ADORAÇÃO CORPORATIVA: Já que adoração deve ser algo que vivemos. Deus merece e deve ser adorado em cada momento de nossa vida e não somente quando nos reunimos em algum lugar. Mateus 2.11; Romanos 12.1; Filipenses 3.3. Na mente de muitos, a adoração restringe-se a cantar musicas evangélicas, levantar  as mãos e chorar ou fazer cenas de teatros no meio dos templos.

    Com certeza, também não é para:
    FAZER EVANGELISMO: Nos ocupamos no evangelismo fora das reuniões, como os irmãos do Novo Testamento que evangelizavam nos lugares que os inconversos frequentavam, por exemplo, nas sinagogas (dos judeus) e nas praças de mercado.  Os incrédulos podiam até aparecer, mas estas reuniões não eram feitas para eles, nem os membros se esforçavam para trazê-los. Assim, a congregação da igreja neotestamentária era principalmente uma reunião dos crentes.      

    Nem para:
    ESCUTAR UM SERMÃO: A noção de uma reunião dessas que tem um estilo púlpito-auditório, enfocada no sermão, não pode ser aprovada no Novo Testamento. De fato, os apóstolos ministravam a Palavra de Deus amplamente em certos ambientes. Mas esses ambientes não eram “reuniões da igreja”.

    E nem muito menos para:
    SE CONFRATERNIZAR: A Confraternização ou comunhão também não era o propósito principal da reunião neotestamentária. Assim também não é o nosso propósito. A confraternização é simplesmente uma das muitas consequências orgânicas que emergem quando o povo de Deus começa a entronizar prazerosamente ao Senhor Jesus Cristo e a permitir que seu Espírito dirija suas reuniões (Atos 2.42). A confraternização é necessária mas não deve ser igualada com o propósito da reunião dos crentes.
      Se a reunião dos crentes não tem como propósito nada disso que foi abordado aqui, qual era o principal propósito da reunião então?
      De acordo com as Escrituras o propósito principal da reunião dos crentes era a edificação e exortação mútuas. 1Coríntios 14.26 apresenta isso de forma clara: “...seja tudo feito para edificação.”
      Hebreus 10.24-25 expressa isso de forma ainda mais clara: “Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras. Não deixemos de congregar-nos, como é o costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima.”
      Romanos 14.19; “Assim, pois, seguimos as coisas da paz e também as da edificação de uns para com os outros.  
      1Tessalonicenses 5.11; “Consolai-vos, pois, uns aos outros e edificai-vos reciprocamente, como também estais fazendo.”
     Hebreus 3.13-14; “pelo contrário, exortai-vos mutuamente cada dia, durante o tempo que se chama hoje, a fim de que nenhum de vós seja endurecido pelo engano do pecado.”        
       Efésios 4.15-16; “Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, de quem todo corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor.
       A reunião original dos crentes vista no Novo Testamento foi desenhada para permitir que todo membro da assembléia participe na edificação do corpo como um todo e que não está confinado à liderança de um homem (como o pastor). Segundo as palavras de Paulo, “falando entre si com salmos” na reunião local. Até os próprios cânticos eram marcados por um elemento de reciprocidade quando Paulo exorta aos irmãos para que “ensinem e aconselhem-se uns aos outros... e cantem salmos e hinos espirituais com gratidão a Deus em seu coração” (Efésios 5.19;Colossenses 3.16).
       Alegria, sinceridade e espontaneidade é o espírito principal dessa reunião e a edificação mútua é sua meta fundamental.

       Em Cristo
       Francisco Rodrigues Filho






quarta-feira, 20 de junho de 2012

O Púlpito e o Sermão.



Convite à Loucura Nº 13  O Púlpito e o Sermão.

     Jesus e os discípulos pregavam  por todas as cidades e lugares, Mateus 11.1; Marcos 16.20, nas sinagogas Atos 9.20, desertos, Mateus 3.1; de aldeia em aldeia, Lucas 8.1. Pregavam a verdade sagrada de Deus e nada se fala sobre o púlpito ou o modo como se prega hoje em dia. Por que estou dizendo isso? É porque hoje nas igrejas o púlpito é considerado uma coisa sagrada, quem ali vai, torna-se um super crente, muda até de voz! Fala o que bem quer e ninguém pode interrompê-lo, nem questiona-lo.       Outro erro é que pra eles, o sermão é a única maneira de alguém se edificar. Tudo isso não passa de falácia, de engano!

De onde veio a ideia do Púlpito ser Sagrado?

       Na época da igreja primitiva ninguém usava púlpito, nem pra segurar as bíblias. As escrituras naquela época eram rolos de papiros contendo livros do “Antigo Testamento” e pergaminhos que eram folhas em velino de pele de animais tratadas, extremamente caras.

        Quatrocentos anos depois de Cristo, a taça e o pão (elementos da ceia) eram vistos como objetos que intimidavam, causavam medo e mistério. Por considerarem esses elementos sagrados e de mistérios, algumas igrejas colocaram uma armação ornamental, um dossel sobre a mesa do altar onde ficavam os elementos da ceia.

      No século XVI, mil e seiscentos anos depois de Cristo, colocaram grades sobre a mesa do altar. Essa é a mesa onde a sagrada comunhão é colocada. O altar-mesa significa o que é ofertado a Deus (o altar), e o que é dado ao homem (a mesa). Essas grades significavam que a mesa do altar era um objeto santo a ser tocado somente por pessoas santas, por exemplo, o clero. No século IV, o leigo já tinha sido proibido de ir ao altar. No centro da igreja ficava o altar. Antes, os altares eram feitos de madeira, posteriormente, no início do século VI, começaram a serem feitos de mármore, pedra, prata ou ouro. O altar era considerado o local mais santo da igreja por duas razões. Porque era lá que frequentemente ficavam as relíquias dos mártires. Em segundo lugar, porque sobre o altar ficava a eucaristia (o pão e a taça). No século XVI, estourou a reforma protestante. A maioria dos reformadores era ex-padres. Sendo assim, haviam sido inconscientemente condicionados aos padrões de pensamento do Catolicismo medieval. Os reformadores fizeram pequenas mudanças nas práticas da igreja, pois a massa não estava pronta para mudanças radicais.

        Eles fizeram do púlpito o centro dominante ao invés de centralizar a mesa do altar, como era feita antes!

       A reforma foi construída sobre a ideia de que as pessoas não poderiam conhecer a Deus, ou crescer espiritualmente ao menos que ouvissem pregações.

      O púlpito foi movido para mais perto de onde as pessoas sentavam, tornando o sermão uma parte fixa do culto.

       No fim da Idade Média, o púlpito tornou-se comum em igrejas de paróquias.
       Com a Reforma, tornou-se a peça central da mobília na igreja.
       O púlpito simbolizava a substituição da centralidade da ação ritualística, que era  a missa, abolida pelos reformadores, e transformou-se na instrução verbal clerical, que é o sermão.

       Tudo isso faz parte de tradições de homens. Tradições que impedem que o povo de Deus o adore em espírito e em verdade.

O Sermão, ou Pregação!

         Alguém diz: “Fulano de tal é um bom pregador; prega como o Apóstolo Paulo.” Nenhum pregador que conheço prega como Paulo! Não falo sobre questões teológicas, mas, no modo de se pregar hoje em dia.

          O camarada vem todo arrumado, às vezes até sabemos quem vai pregar só pela forma como o camarada está vestido, aí sobe no púlpito, e começa sua homilia. Fala, fala, fala e ninguém diz nada, nem faz uma perguntinha, e ele, fala, fala, fala, promete, mente, torce as escrituras, e todo mundo fica calado, até quem sabe que ele está errado, e ai de quem disser um pio ou fazer qualquer questionamento. O homem tá “ungido”; não podemos atrapalhar o Espírito Santo. E pegue mentira, erro e ladainha! Isso não tem nada a ver com as pregações de Jesus nem de seus apóstolos, mas foi emprestado diretamente da associação pagã da cultura grega!

O Surgimento do Sermão de nossos dias!

        No século V, antes de Cristo havia um grupo de mestres peregrinos chamados Sofistas. De acordo com estudiosos, eles inventaram a retórica, que é a arte de falar persuasivamente. Eles costumavam recrutar discípulos e exigiam o pagamento dos que estivessem interessados em ouvir seus discursos.

          Os Sofistas eram experientes na arte de debates. Eram mestres em usar os adequados apelos emocionais, aparência física e linguajar para “vender” seus argumentos. Com o tempo, o estilo, a forma e a destreza da oratória dos Sofistas chegaram a ser mais estimada do que sua exatidão. Por isso, um bom orador poderia usar seu sermão para influenciar sua audiência a acreditar numa coisa que ele sabia que era falso. Para a mente grega, ganhar um argumento era uma virtude maior do que pregar a verdade.


      É daqui que vem a forma do sermão que ouvimos hoje em dia nas igrejas. Hoje, os seminaristas pagam uma disciplina chamada homilética para aprender a pregar, com todas as técnicas de retórica dos Sofistas.

      Como se vestir, como se portar, o cuidado com os gestos, a eloquência, o cuidado para não ferir os ouvintes com alguma palavra “pesada”! Pelo amor de Deus! É por isso que eu disse que ninguém prega mais como Paulo.
   
       Jesus e os apóstolos não usavam púlpitos, não queriam atrair ninguém pelo modo de falar nem de vestir, eles desejavam que as pessoas fossem atraídas por Deus Pai. Paulo disse: “A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria humana, e sim no poder de Deus.” 1Coríntios 2.4-5.
      É dos Sofistas também que surgiu essa prática de um só camarada falando (o pregador), e todos os demais ouvindo passivamente, sem falarem nada, nem questionarem coisa nenhuma.

      Como é diferente da verdadeira pregação, e o conteúdo nem se fala, as diferenças são gritantes.

       O sermão de hoje não tem raízes nas Escrituras, mas, é emprestado, recuperado e adotado da cultura pagã para a fé cristã. Essa verdade pode escandalizar, mas é verdade!

       Vejamos algumas diferenças.

Velho Testamento

         No sermão do Antigo Testamento havia participação ativa e interrupções. Profetas e sacerdotes pregavam incomodando os ouvintes, abordando um tema atual, ao invés se usar anotações. Eles falavam em resposta a acontecimentos específicos, e não proferiam discursos ou mensagens regularmente ao povo de Deus, (Deuteronômio 1.1; 5.1; 27.1; 9; Josué 23.1; 24.15; Isaías; Jeremias; Ezequiel; Daniel; Amós; Zacarias; etc).

         Nessa época o sermão era esporádico, era algo que fluía e havia abertura para a participação pública.


Novo Testamento

       As mensagens que Jesus compartilhou a maior parte das vezes com os discípulos, eram consistentemente espontâneas e informais.

       Seguindo o mesmo padrão, a pregação apostólica registrada em Atos, era esporádica,  ministrada em ocasiões especiais para tratar de problemas específicos, Atos 2.14-35; 7.1-53; 15.13-21;32;  17.22-34; 20.7-12; 17-35; 26.24-29.

      Era improvisada e não tinha uma estrutura retórica. Incluía debates e interrupções por parte do povo, ao invés de um mero monólogo.

        A palavra grega frequentemente usada para descrever a pregação e os ensinos do primeiro século é dialégomai (Atos 17.2; 17; 18.4; 19; 19.8-9; 20.7; 9; 24.25). Ela literalmente significa raciocinar, ensinar com método de perguntas e respostas, discursar, mas sempre com a ideia de estímulo intelectual, é dessa palavra grega que vem o termo português, “diálogo”. Ou seja, é uma conversação entre duas ou mais pessoas. Mas o que se vê nas reuniões religiosas de hoje é um camarada falando e os demais ouvindo passivamente.

      Em poucas palavras, o púlpito e os sermões contemporâneos são alheios tanto ao Antigo quanto ao Novo Testamento.
       Não existe absolutamente nada nas Escrituras que indique sua existência nas reuniões da Igreja primitiva.

       Que o Senhor nos dê discernimento para compreender a sua verdade.

Em Cristo

Francisco Rodrigues Filho